quarta-feira, 10 de junho de 2009

OBRAS DE FILOSOFIA UFPR 2009/2010

1. DESCARTES, René. O Discurso do Método [trad. Bento Prado Jr.] São Paulo: Nova Cultural, 1987, 4. ed. (Col. Os Pensadores)
2. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. [Trad.: Lívio Xavier] São Paulo: Nova Cultural, 1987, 4. ed. (Col. Os Pensandores)
3. MERLEAU-PONTY, Maurice. Conversas: 1948. [Trad.: Fábio Landa; Eva Landa] São Paulo: Martins Fontes, 2005. Capítulos III, IV e V.
4. PLATÃO. A República: Livro X. [Trad.: Anna Lia Amaral de Almeida Prado]. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Pensamento de Platão - Alegoria da Caverna

Roteiro de Estudo
Tema: Alegoria da Caverna
Filme: Show de Truman


Sinopse: Show de Truman: Um homem tem sua vida inteira filmada e transmitida ao vivo pela TV, 24 horas por dia via satélite para todo o mundo, desde o seu nascimento. O filme começa a partir do episódio 10.909 desde o lançamento do Show. É o 30º ano ininterrupto de transmissão do "show" da vida de Truman Burbank como a primeira experiência de um "show real", pois Truman desconhece ser um personagem. Truman faz o “papel” de um corretor de seguros, é casado, e possui um amigo de infância, que sempre chega a sua casa com cervejas. Todos os dias cumprimenta seus vizinhos, da mesma forma, vai ao jornaleiro comprar revistas para sua mulher, encontra dois senhores que sempre prometem procurá-lo na seguradora.
Tudo acontece num grande estúdio, na verdade o maior estúdio cinematográfico do mundo, que ao lado da Muralha da China é a única construção humana visível do espaço, é uma ilha chamada Seahaven: as casas, as ruas, os automóveis, o céu, o mar, a lua, o anoitecer, e a chuva, tudo se passa dentro de uma enorme cúpula, mas Truman não conhece esses limites: ele nunca viajou, nunca saiu de sua cidade, nunca ultrapassou suas margens. Cerca de 5 mil câmeras, filmam cada movimento de Truman, milhares de pessoas trabalham dia e noite para que o show funcione com total verossimilhança com a realidade. É um mundo dentro de outro mundo. O criador do programa é Christof. O programa é transmitido sem nenhuma interrupção, nem mesmo intervalo publicitário. A publicidade é feita de maneira diferente, explica Christof em uma das poucas entrevistas que concede que “tudo está à venda” o que os atores comem, roupas, até mesmo as casas em que vivem. O entrevistador continua a entrevista com Christof e pergunta “por que Truman nunca pensou até agora em questionar a natureza do mundo em que vive?” Christof reponde dizendo que “aceitamos a realidade do mundo tal qual ela nos é apresentada, Truman pode ir embora quando quiser. Se tivesse algo mais que uma mínima ambição, se estivesse absolutamente decidido a descobrir a verdade, não poderíamos impedi-lo. Truman prefere a sua cela. O Show de Truman é uma variação muito interessante do Mito da Caverna de Platão, mas difere da alegoria de Platão em que apenas um prisioneiro se liberta para abandonar as sombras da caverna e conhecer o mundo real, no filme há apenas um prisioneiro, e os demais atores que entram e saem dela.
O filme está de acordo com a idéia do Mito da Caverna: poucos são os inclinados a distinguir entre o mundo das aparências e o mundo das realidades autênticas e poucos são os que se perguntam se vivem uma espécie de jogo de fantoches. Mas podemos imaginar, que se Platão visse o filme ele diria que nem mesmo Truman deixando de considerar como reais as sobras que passam na parede e tivesse podido descobrir os objetos que produzem estas sombras, não teria saído da caverna, não o que Platão considera como caverna. Teria que existir um segundo despertar por Truman em direção ao mundo das Formas, um mundo mais verdadeiro que o nosso.
Tudo no filme acontece dentro de um show de TV, quando assistimos com atenção é difícil não relacionar o mundo de Truman (onde vigora o poder de ilusão dos meios de comunicação) com o nosso mundo real.
Hoje os meios de comunicação são os veículos mais poderosos de propagação de opiniões e saber duvidoso. Ao paramos na frente do televisor, não seriamos também um prisioneiro do mundo das aparências?

O mito da Alegoria de Platão e o filme Show de Truman.
Podemos entender o filme “Show de Truman” como uma versão moderna do “Mito da Caverna” de Platão. É possível identificar no filme diversos elementos que permitem a associação das duas narrativas.

Elementos do filme “Show de Truman” que revelam o paralelo entre a obra de cinema e a Alegoria de Platão:
1. Descreva A “Caverna das Aparências” de Platão, como ela funciona? A ilha de Seaheaven é um grande cenário (um mundo falso) que também funciona como um cativeiro para o protagonista do filme Truman Burbank, que vive sua vida dentro dela sem saber que é o astro de reality show exibido em uma rede de televisão. Descreva esses dois mundos: (8 linhas)

2. Os prisioneiros do mito da caverna estão algemados, o que representa estas algemas? (3linhas)

3. Como podemos ver o aprisionamento no refletido do dia a dia (do cotidiano)?

4. O que pretende Truman Burbank na ilha? (5 linhas)

5. Quais os efeitos da rotina (seu cotidiano) e todas as estratégias subjetivas pensadas e aplicadas pelos mentores do reality show na vida Truman? (5 linhas)

6. Compare da alegoria da caverna o sujeito questionador e a partir daí percorre um doloroso caminho para fora da caverna, com Truman que também começa a questionar o mundo a sua volta e a partir daí percorre um árduo e doloroso caminho para sair da ilha e conhecer o mundo real. Explique esse comportamento comum tanto no filme como também na alegoria de Platão. (6 linhas)

7. Ambos personagens arriscam a vida nas narrativas, Truman para conseguri sair da ilha e o prisioneiro da caverna ao retornar para libertar seus amigos de cativeiro. Qual o sentido do retorno para a caverna? (5 linhas)

8. Qual a importância de buscar o caminho do novo, motivados por um desejo de saber para além do que conhecem presente nos personagens da alegoria da caverna e do filme? (4 linhas)

9. Compare O Show de Truman e a nossa sociedade do espetáculo, a qual fazemos parte em nosso cotidiano? (5linhas)

Teoria do Conhecimento


Conteúdo: Teoria do ConhecimentoFilme: Quem Somos Nós?

Assunto: Relação do Conhecimento Cientifico X Conhecimento Filosófico

Relatório de Estudo: Aspectos Constitutivos do Ser Humanos
*Aspecto Físico: Formação biológico do ser humanos, ênfase para a formação da mente;

* Aspectos Sociais: As relações dos indivíduos no mundo, ênfase para os aspectos afeitos.

* Aspectos Psicológico: Relações Afetivas, destaque para a mente que desperta a capacidade de pensar do indivíduo.

* Aspectos Religioso: Relação do ser humano com Deus, destaque para a espiritualidade (Revelação X Fé).

Link para Baixar o Documentário: Quem Somos Nos?


Resumo do Documentário:
O Filme “Quem somos nós?” aborda assuntos vastos do conhecimento humano. Questões filosóficas, passando pela física quântica e religiosidade. Questões como: “De onde viemos?”; “Para onde vamos?” são constantes nessa obra cinematográfica.

De forma mais aprofundada o diretor tenta explicar alguns fenômenos através da física quântica. Tais como a interelação dos pensamentos positivos com nossas atitudes e situações diárias. Diz o mesmo que nossas ações e condições dependem muito dos nossos pensamentos positivos. Se pensamos positivamente aquilo que queremos que aconteça existirá maior probabilidade de acontecer do que quando realizamos ações contra nossos desejos ou se estamos com a mente “bloqueada” por algum motivo. A idéia de que somos aquilo que pensamos é bem forte nas cenas desta obra.

A figura de uma personagem central (protagonista) que, inicialmente, vive conflitos diversos, quanto a relacionamentos, problemas afetivos, conjugais e pessoais(no que diz respeito à amizades) vive do início ao fim transformações radicais quanto a sua forma de pensar e atitudes (a primeira ditando a forma de agir da segunda).

Outro questionamento que foi levantado no decorrer do filme foi a hipótese de que aquilo que vemos é o que realmente acontece? Ou aquilo que nosso cérebro imagina é que é a realidade? A física quântica aparece mais uma vez para explicar esses acontecimentos. O exemplo dos índios vendo as caravelas chegando é bem peculiar. A explicação que o autor do filme relata que os mesmos não sabiam o que estavam vendo ou não acreditavam no que estava acontecendo deve-se ao fato dos mesmos não conhecerem e esta imagem do grande barco chegando à sua frente vai se formando aos poucos, aparecendo e desaparecendo, até que se torna real para o mesmo. Vê-se, portanto que é importante conhecer, para poder ver com os olhos.

A experiência das partículas d’água mostra de maneira gráfica a influência de pensamentos positivos na matéria. O primeiro relato mostra certa quantidade de água sob situação de stress e o que se percebe é uma forma desordenada, outra amostragem da influência do pensamento em partículas d’água é quando a mesma é levada a fatos positivos. O comportamento destas últimas é mais uniforme. Tais experiências mostram que se isso acontece em uma pequena porção d’água, a possibilidade que acontecer com o ser humano é bem maior, pois o mesmo é constituído de 90% de água em seu organismo.

A idéia de que pensamentos positivos levam a atitudes positivas e trás grandes ganhos para as pessoas que praticam fica bem clara diante de tudo o que foi explicado até então.

A questão da religião também é tratada no filme e surge o questionamento da ação de Deus em nossas vidas. O mesmo Deus que faz o bem é capaz de castigar e praticar o mal? As ameaças externas são maiores que as maiores fraquezas humanas? Por que ter medo? Enfrentar os problemas como eles realmente são, de forma verdadeira, é a melhor solução, procurando aos poucos cerca-lo e encontrar a melhor saída, da maneira mais racional possível.

Por último o filme discute o amor, tal como sentimento, como sendo uma grande expectativa de emoções, ou seja, a pessoa tende a se viciar nestas emoções e sempre precisará de mais e mais para sentir o mesmo desejo por aquilo que está praticando.

Percebe-se dessa maneira, no comportamento da personagem central do filme que a mesma pôde, ao longo de sua trajetória, através do pensamento ir aniquilando os maus pensamentos e traumas e, aos poucos trabalhando as relações pessoais, seus desejos e atitudes de forma mais branda, suave e emocional, uma emoção positiva, clara. Com isso as melhores coisas foram acontecendo em sua vida, tanto no profissional, quanto sentimental.

sábado, 21 de março de 2009

Semana de 21-25 de março

Introdução à filosofia de Platão
“Vencer a si próprio
é a maior das vitórias” (Platão)


Platão é o primeiro pensador que desenvolveu toda temática filosófica. A filosofia pré-socrática era fragmentaria e se reduzia quase exclusivamente ao problema cosmológico. Sócrates mudou de direção e orientou sua investigação para o problema petiço e psicológico. Com Platão a filosofia penetra em ambos domínio e entra a ciência do objeto e do sujeito. Além disso, com Platão convergem todas as correntes anteriores. O ser de Permênides e o devir de Heráclito, os números de Pitágoras e os conceitos e definições universais de Sócrates, todo esse acervo de doutrinas opostas se unificam em Platão mediante sua original teoria das idéias que constitui o eixo do platonismo como no modelo divisório abaixo, comum na escola platônica: Ciência das idéias em si: Dialética - Ciência da participação das idéias: a) No mundo sensível: Física; b) No mundo moral: Ética
c) No mundo artístico: Estética.
Natureza da Alma - Na obra o Fédon, Platão expõe as suas ideias sobre a alma. A alma não se limita a ser entendida como o princípio da vida, mas é também vista como o princípio de conhecimento. A alma é uma substancia independente do corpo, é eterna, unindo-se a ele de forma temporária e acidental. A união da alma com um corpo não faz desaparecer as ideias que nela existem. Pelo contrário, estas vão sendo recordadas à medida que as experiências e a educação as despertam através da educação e da experiência sensível. Platão distingue três 3 partes de alma: a)Alma Racional (razão), sendo superior destina-se ao conhecimento das idéias, localiza-se na cabeça, e tem uma virtude principal, a Sabedoria; b) Alma Irascível – a qual está associada à vontade. Localiza-se no peito e tem uma virtude: a Força Alma; c) Concupiscente – é a mais baixa de todas, constituída pelos desejos e necessidades básicas, está localizada no ventre, e tem como virtude, a moderação.
Conhecimento e Realidade - Platão elabora uma teoria segundo a qual o mundo foi criado por um arquiteto divino, o Demiurgo. Este deu forma ao Cosmos, atribuindo a cada coisa uma dada finalidade. A criação foi feita com base nas ideias (modelos, formas) existentes no Mundo Inteligível. O conhecimento através dos sentidos e da razão dão-nos resultados completamente diferentes, podendo no primeiro caso provocar graves ilusões. Os dados dos sentidos apenas nos permitem conhecer cópias imperfeitas das ideias, levando-nos a formular opiniões (doxa) contraditórias e superficiais sobre a realidade. No entanto, a experiência sensível que nos é dada pelos sentidos é fundamental para desencadear o processo de conhecimento. O conhecimento ocorre quando nos recordamos imperfeitamente as ideias que a alma contemplou no Mundo Inteligível, denominando-se o processo por anamnesis (reminiscência). Trata-se do nível mais inferior do conhecimento. O Mundo da Ideias só pode ser intuído através da razão, e implica um corte com os dados dos sentidos a que estamos aprisionados. O conhecimento da verdadeira realidade - as Ideias - passa por três níveis fundamentais: a) Conhecimento sensível - adquirido por meio dos sentidos; b) Conhecimento discursivo - conhecimento da matemática, a única ciência que possui uma natureza não corpórea; c) Conhecimento Intelectivo - Só a Filosofia permite o acesso a este nível de conhecimento, e implica uma ruptura completa com a experiência sensorial.
Através destes três níveis, a mente eleva-se do múltiplo, da aparência sensível até o Uno, Universal e Inteligível (Ideias). O conhecimento implica sempre uma ascensão dialéctica, mediante a qual vamos subindo nas hierarquia das ideias, chegando aquelas que englobam todas as outras. No topo da pirâmide, Platão coloca a ideia de Bem, seguida de três ideias que a caracterizam: Beleza, Proporção e Verdade. Estas ideias proporcionam ao mundo ordem, medida e unidade. A compreensão destas ideias só é acessível aos Filósofos.
Política - Os fundamentos do pensamento político de Platão, decorrem de uma correlação estrutural com as diferentes almas ou partes de uma mesma alma, criando uma organização social ideal (utópica). (Alma, Cidade, Almas ou partes da alma, Virtude, Classes sociais, Funções na Cidade Ideal, Alma Racional, Sabedoria)
Os Filósofos - Supremos Guardiões da Cidade. O governo deve ser entregue a sábios, pois estes são os únicos que ascenderam às ideias superiores de Uno-Bem e Beleza.
(Alma Irascível(Thymós), Força, Guerreiros).
Para Platão, cada classe social devia apenas dedicar-se à sua função e virtude especifica, só quando isto acontece é que numa sociedade reina a harmonia e a felicidade.
A finalidade do Estado é educar os cidadãos na respectiva virtude, assegurando deste modo a sua felicidade.
Educação - O sistema educativo encontra-se a serviço do Estado, e possui duas modalidades: a) Uma educação obrigatória, comum a todos até aos 20 anos. Tem por finalidade formar cidadãos no respeito pelas instituições e dedicados à realização das suas funções específicas. Nesta educação fazem parte, entre outras matérias, a música (para permitir o controlo do homem das partes inferiores da alma) e a ginástica (para o controlo do corpo); b) Uma educação destinada exclusivamente a futuros governantes, e que se realizaria entre os 20 e os 35 anos. Esta educação consta de duas fases: a primeira corresponde à aprendizagem das matemáticas, e a segunda ao ensino da dialética e conhecimento das ideias superiores. Platão mudou alguns aspectos deste modelo político, mas manteve sempre a ideia que a razão é que devia governar, sendo a única que podia proporcionar aos cidadãos a justiça e a felicidade.

Vamos Filosofar...
1. Qual o eixo principal das discussões filosóficas feitas por Platão? Explique:
2. Qual a concepção de ALMA para Platão?
3. Qual as três partes da alma apresentada por Platão? Explique:
4. Explique a concepção de conhecimento para Platão:
5. Qual o sentido da política para Platão?
6. Explique o modelo de Educação proposto por Platão:
7. Explique como podem ser compreendidas a frase e a charge a partir de uma análise filosófica:

"A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter". (Platão)

domingo, 8 de março de 2009

Semana de 08- 12 de Março

O Pensamento de Sócrates

A filosofia socrática apresenta-se como uma atitude de permanente procura do Saber, aliada a um compromisso com esse mesmo Saber.

Diálogo - Via para o conhecimento e auto-conhecimento
Sócrates atribuía uma enorme importância ao diálogo na procura do saber, desprezando o papel da escrita. Através do diálogo pretendia não apenas despertar as consciências para a questão do saber, mas também ajudá-las nessa busca. Talvez por isto se afirme que era filho de Sofronisco, escultor e de Fanareta, parteira. Do pai terá aprendido a dar forma às coisas informes, e da mãe a arte de "trazer à luz".A mãe ajudava as mulheres a darem à luz a corpos, Sócrates, através do diálogo irá ajudar os homens a darem à luz conceitos.
"Sócrates: - O maior inconveniente da escrita parece-se, caro Fedro, se bem julgo, com a Pintura. As figuras pintadas têm atitudes de seres vivos, mas se alguém as interrogar, manter-se-ão silenciosas, o mesmo acontecendo com os discursos: falem das coisas como se estas estivessem vivas, mas, se alguém os interroga, no intuito de obter um esclarecimento, limitam-se a repetir sempre a mesma coisa".( Platão, Fedro, 275.7)
Universalismo - Superação do relativismo dos sofistas
O relativismo dos sofistas havia tornado a indistinta justiça e injustiça, verdadeiro e falso. A única forma de sair desta situação era para Sócrates procurar definir conceitos universais, como o Bem ou a Justiça. Só neste plano de universalidade se poderia encontrar o verdadeiro saber, ultrapassando o relativismo sofista.
Método Socrático - A Importância dos conceitos e da sua definição
Para procurar os conceitos universais, o método socrático, baseado no dialogo, assenta em dois passos fundamentais:
Ironia. Sócrates começa por solicitar ao seu interlocutor que defina um dado conceito (O que é o Bem? a Justiça? a Retórica ?). Aceita qualquer definição como ponto de partida, para de seguida formular um conjunto de questões em torno da mesma, mostrando as suas limitações. Chama-se ironia a este passo, porque nos Diálogos de Platão, Sócrates, finge ignorar as respostas que procura.
Maiêutica. Confrontado com as limitações das suas definições, o interlocutor, acaba por reconhecer as limitações do seu próprio saber. É então convidado a reformular a resposta anterior, dando uma definição mais ampla, na direcção da universalidade.
Reconhecimento da Ignorância
O despertar de Sócrates para a filosofia terá começado de uma forma muito singular.Certo dia, a instancias do seu amigo Querofonte, a pitonisa do Oráculo de Delfos, afirmou que entre todos os homens Sócrates era o mais sábio. Este estava longe de poder aceitar esta apreciação dos deuses a seu respeito. Ele limitava-se a procurar o saber, a interrogar todos aqueles que afirmavam possuir o saber, como os sofistas. Ora, quanto investigava mais mais problemas se lhe levantavam. Ficou célebre a sua afirmação: "Só sei que nada sei" Como poderia ser considerado o homem mais sábio de todos, quando ele próprio reconhecia a sua própria ignorância ?.
Estariam os deuses enganados quando o consideravam o homem mais sábio entre os homens?
Os sofistas que tudo ensinavam e afirmavam tudo conhecer não seriam mais sábios?
Esta afirmação revela-nos uma nova atitude perante o saber, oposta à que manifestavam os sofistas:
A sabedoria de Sócrates residia na consciência dos limites do seu próprio saber, numa tomada de consciência do próprio não saber. Só aquele que tem consciência da sua própria ignorância procura o saber. Aquele que julga que tudo conhece, contenta-se com o saber que possui. Os sofistas que tudo afirmam saber, são os mais ignorantes de todos, dado que desconhecem a sua própria ignorância.
Esta consciência Socrática dos limites do conhecimento humano, em vez de ser um motivo para uma atitude negativa face ao conhecimento (Nada nos é permitido saber), foi pelo contrário assumida como uma espécie de missão.
"O Deus, como eu creio e aceitei, me ordenou que viva filosofando e investigando-me a mim mesmo e aos demais" ( Apologia de Sócrates, Platão).
A procura do saber é indissociável também do conhecimento de nós mesmos. Daí o fato de Sócrates ter tomado como seu lema, a divisa do templo de Delfos: Conhece-te a Ti Próprio. Contra um conhecimento revelado a partir do exterior, Sócrates, aponta para um que se revela a partir da auto-descoberta do próprio indivíduo.
Intelectualismo Moral - Só os ignorantes praticam o mal
Sócrates recusa uma atitude teórica perante o saber (atitude característica dos sofistas). Parte do princípio que quem verdadeiramente procura o Bem, só pode viver segundo o Bem. A virtude identifica-se com o conhecimento, ou dito de outro modo: Saber e Moralidade são o mesmo, e estão indissociavelmente ligados. O único que comete o mal é o ignorante, aquele que conhece o bem só pode praticar o bem.
"Se me dissésseis: Ó Sócrates, não consentimos que se faça o que pretende Anito, e deixamos-te em liberdade, mas com uma condição porém, de que não ocupes mais tempo com essas investigações e deixes de filosofar, pois caso contrário quando fores apanhado morrerás; Se me deixásseis então em liberdade, mas de acordo com este pacto, eu vos diria: meus queridos atenienses, saúdo-vos, porém obedecerei a este demônio interior não a vós, e enquanto tiver alento e força não deixarei de filosofar". (Apologia de Sócrates, Platão).
Duas ideias fundamentais a reter sobre Sócrates:
- Separou a moral da religião e das leis civis
- Procurou através da definição de conceitos universais, como o de Bem ou de Justiça, superar o relativismo dos sofistas.
Vamos Filosofar...
1. Explique a dialética socrática?
2. Quais as duas etapas do método socrático? Explique:
3. Quem foram os sofistas?
4. Qual o sentido filosófico da frase de Sócrates: “Conhece-te a Ti Próprio”?
5.De acordo com o pensamento de Sócrates elabore uma definição de Filosofia:
6. Qual a razão porque Sócrates nada escreveu?
7. Explique a contribuição de Sócrates para a Filosofia:
8. De acordo com o exemplo do diálogo entre Sócrates e Protágoras construa uma conversa em que apresente a exposição de um tema filosófico:
A Verdade é Relativa?
Protágoras: A verdade é relativa. É somente uma questão de opinião.
Sócrates: Você quer dizer que a verdade é mera opinião subjetiva?
Protágoras: Exatamente. O que é verdade para você, é verdade para você, e o que é verdade para mim, é verdade para mim. A verdade é subjetiva.
Sócrates: Você quer dizer realmente isso? Que minha opinião é verdadeira em virtude de ser minha opinião?
Protágoras: Sem dúvida!
Sócrates: Minha opinião é: A verdade é absoluta, não opinião, e que você, Sr. Protágoras, está absolutamente em erro. Visto que é minha opinião, então você deve conceder que ela é verdadeira segundo a sua filosofia.
Protágoras: Você está absolutamente correto, Sócrates.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Semana de 02-06 de Março

O Pensamento Socrático

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Semana de 25-26 de Fevereiro

CAUSA DO FILOSOFAR
O contexto social e histórico que permitiu às pessoas a invenção da Filosofia nós já analisamos. Mas o que falta verificar é o que motivava alguns a filosofarem. Já na Antigüidade, Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) pensara a respeito:

“A admiração sempre foi, antes como agora, a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante”.

ARISTÓTELES. Metafísica, 982 b13.

Para filosofar, segundo Aristóteles, é preciso estar admirado com algo. Basta isso, não há Filosofia sem curiosidade, sem admiração; do contrário, se estamos acostumados com algo e não pensamos sobre ele, não há Filosofia. Olhe para sua própria vida e perceba que quando você tinha menos idade, mais você se admirava com as coisas e mais queria saber porque eram daquela forma, como funcionavam. Porém, na medida que você cresceu e acostumou-se com as coisas, deixando de se admirar com elas, deixou também de lado a atitude filosófica. Filósofos são aqueles que jamais perdem a admiração sobre os grandes ou pequenos segredos do mundo, que passam a vida toda sem deixar se acostumar com as coisas. E mais: veja como termina a citação acima – quando procuramos uma explicação sobre algo encontramo-nos “ignorantes”, descobrimos que não sabemos e que sempre há algo a descobrir. A Filosofia é, sem dúvida nenhuma, uma aventura.

Vamos Filosofar....

1 – Segundo Aristóteles, qual é a causa do filosofar? Explique.
2 – O que leva à morte do filosofar? Explique.
3 – Como nos reconhecemos quando procuramos a explicação sobre alguma coisa? Explique.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Semana de 16-20 de Fevereiro.

Quem pode ser Filósofo?


1 – O QUE É A FILOSOFIA? PARA QUE SERVE?

1. O que significa a palavra filosofia?


“[Filosofia] é uma reflexão crítica a respeito do
conhecimento e da ação, a partir da análise
dos pressupostos do pensar e do agir e, portanto,
como fundamentação teórica e crítica
dos conhecimentos e práticas
(PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais)

A palavra filosofia é de origem grega Φιλοσοφία. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais, lembrando que no grego o vocábulo “amor” possui cinco usos (Eros, Philia, Storge, Xenia e Ágape) e Sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio.

Filosofia – Filo (amigo) – Sofia (Sabedoria) -----> Amigo da Sabedoria

Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo é aquele que ama a sabedoria e tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim a filosofia indica um estado de espírito da pessoa que ama, isto é, daquela que deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita. Pitágoras de Samos teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. “Quem quiser ser filósofo necessitará infantilizar-se, transformar-se em menino”.
A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de qualquer coisa, uma prática de vida que procura pensar os acontecimentos além de sua pura aparência. Assim, ela pode se voltar para qualquer objeto. Pode pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos; pode pensar a religião; pode pensar a arte; pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana. Até mesmo uma história em quadrinhos ou uma canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica. A filosofia parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz-nos entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida.
A filosofia incomoda porque questiona o modo de ser das pessoas, das culturas e do mundo. Questiona às práticas políticas, científicas, técnicas, éticas, econômicas, culturais e artísticas. Não há área onde ela não se meta ou indague. Talvez a divulgação da imagem do filósofo como sendo uma pessoa "desligada" do mundo seja exatamente a defesa da sociedade contra o "perigo" que ela representa. O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, redescobrindo seus significados mais profundos e apontando possíveis caminhos ou para o individuo ou para a sociedade.
Por fim podemos dizer que a Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o século XIX não houve uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificada a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição filosófica.

2. Para que serve que a filosofia?
Ciências como a Física, Química, Biologia e até mesmo a Matemática já fizeram parte da Filosofia. Mas, com o avanço da tecnologia, a filosofia e a ciência se separaram. Então, para que serve a filosofia hoje em dia? Atualmente, os filósofos são mais procurados por serem preparados para pensar claramente sobre os problemas. São comuns jornais e outros meios de comunicação perguntarem a opinião de filósofos sobre os temas atuais. Até governos, hospitais, museus e arquitetos pedem seus conselhos e pareceres. Muitos filósofos trabalham em universidades. Eles ensinam aos jovens como pensar e argumentar claramente estudando outros filósofos. Enfim, a filosofia impede a estagnação e desvenda o que está encoberto pelo costume, pelo convencional, pelo poder. Ela é a procura da verdade, não a sua posse, como disse Jaspers, filósofo alemão contemporâneo, concluindo que "fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e cada resposta transformam-se numa nova pergunta".

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Semana de 09 - 13 de Fevereiro

Introdução ao Pensamento Filósofico:
Parte 1


Parte 2

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Todo Homem é Filósofo, Por Gramsci

"É preciso destruir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia é algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos profissionais e sistemáticos. É preciso, portanto, demonstrar preliminarmente que todos os homens são ‘filósofos’, definindo os limites e as características desta ‘filosofia espontânea’, peculiar a ‘todo o mundo’, isto é, da filosofia que está contida: 1) na própria linguagem, que é um conjunto de noções e de conceitos determinados e não, simplesmente, de palavras gramaticalmente vazias de conteúdo; 2) no senso comum e no bom senso; 3) na religião popular e, conseqüentemente, em todo o sistema de crenças, superstições, opiniões, modos de ver e de agir que se manifestam naquilo que geralmente se conhece por ‘folclore’.
Após demonstrar que todos são filósofos, ainda que a seu modo, inconscientemente – já que, até mesmo na mais simples manifestação de uma atividade intelectual qualquer, na ‘linguagem’, está contida uma determinada concepção do mundo, passa-se ao segundo momento, ao momento da crítica e da consciência, ou seja, ao seguinte problema: é preferível ‘pensar’ sem disto ter consciência crítica, de uma maneira desagregada e ocasional, isto é, ‘participar’ de uma concepção do mundo ‘imposta’ mecanicamente pelo ambiente exterior, ou seja, por um dos muitos grupos sociais nos quais todos estão automaticamente envolvidos desde sua entrada no mundo consciente (e que pode ser a própria aldeia ou a província, pode se originar na paróquia e na ‘atividade intelectual’ do vigário ou do velho patriarca, cuja ‘sabedoria’ dita leis, na mulher que herdou a sabedoria das bruxas ou no pequeno intelectual avinagrado pela própria estupidez e pela impotência para a ação), ou é preferível elaborar a própria concepção do mundo de uma maneira consciente e crítica e, portanto, em ligação com este trabalho do próprio cérebro, escolher a própria esfera de atividade, participar ativamente na produção da história do mundo, ser o guia de si mesmo e não mais aceitar do exterior, passiva e servilmente, a marca da própria personalidade?
Pela própria concepção do mundo, pertencemos sempre a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos sociais que compartilham um mesmo modo de pensar e de agir. Somos conformistas de algum conformismo, somos sempre homens-massa ou homens-coletivos. O problema é o seguinte: qual é o tipo histórico de conformismo, de homem-massa do qual fazemos parte? Quando a concepção do mundo não é crítica e coerente, mas ocasional e desagregada, pertencemos simultaneamente a uma multiplicidade de homens-massa, nossa própria personalidade é compósita, de uma maneira bizarra: nela se encontram elementos dos homens das cavernas e princípios da ciência mais moderna e progressista, preconceitos de todas as fases históricas passadas estreitamente localistas e intuições de uma futura filosofia que será própria do gênero humano mundialmente unificado. Criticar a própria concepção do mundo, portanto, significa torná-la unitária e coerente e elevá-la até o ponto atingido pelo pensamento mundial mais evoluído. Significa também, portanto, criticar toda a filosofia até hoje existente, na medida em que ela deixou estratificações consolidadas na filosofia popular. O início da elaboração crítica é a consciência daquilo que é realmente, isto é, um ‘conhece-te a ti mesmo’ como produto do processo histórico até hoje desenvolvido, que deixou em ti uma infinidade de traços acolhidos sem análise crítica. Deve-se fazer, inicialmente, essa análise.”

Vamos Filosofar...
1. Quais as características que se manifestam na filosofia espontânea?
2. Qual a razão de Gramsci considerar todos os seres humanos filósofos?
3. “Somos sempre homens-massa ou homens-coletivos”, a partir desta afirmativa argumente a favor ou contrário a ideia proposta pelo o autor?
4. Qual é o tipo histórico de conformismo, de homem-massa do qual fazemos parte?
5. Pensando a parti do autor, qual deve ser nosso posicionamento frente às questões inerente a humanidade.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009


A Hora é Oportuna... Para fazer diferente!

Ser é Começar
Ser é procurar
a verdadeira razão
de ser,
mas nem sempre se é
o que se pensa ser,
às vezes ser,
é uma questão
de parecer,
parecer é sobreviver,
mas sobreviver
não é bastante,
porque ser bastante
não é ser demasiado
e ser demasiado
não é sinal de crise,
já que tudo é crise,
crise é ser,
ser é estar,
a única verdade
pela qual
vale a pena ser,
aquilo que se é.